Muita discussão tem vindo a público acerca da prestação dos portugueses nos Jogos Olímpicos 2012. Li há pouco uma declaração de Vicente Moura, presidente do COP, e que de uma maneira muito pragmática afirma o seguinte: "Somos isto!".
Apesar de em alguns casos não estar de acordo com ele, neste ponto acertou na mouche. Concordo plenamente! Somos isto e a mais não somos obrigados. A não ser que sejamos exigentes connosco sabendo das nossas limitações e mantendo os pés bem assentes no chão. Portugal em termos desportivos é isto. Não sejamos hipócritas com a mania que somos grandes em tudo. Existem excepções: desportistas que diariamente dão tudo o que têm e o que não têm (literalmente). No caso concreto destes Jogos Olímpicos de 2012 houve uma ou outra desilusão, onde as expectativas estavam legitimamente altas, devido ao passado recente dos atletas. Portugal é futebol e o resto é paisagem. É a triste realidade. É o que vende. É o que dá dinheiro. Foi uma tristeza as nossas primeiras páginas dos jornais desportivos a comparar com os restantes europeus.
Como pode o povo português exigir uma mão cheia de medalhas quando a taxa de obesidade e excesso de peso infantil é preocupante; onde não existe um VERDADEIRO incentivo à actividade física; onde o desporto escolar é uma miragem; onde os almoços de família ao Domingo são no McDonald's; onde a Educação Física não conta para a média escolar; onde o profissionalismo desportivo é inexistente apesar da dedicação e voluntariado de alguns dirigentes em alguns clubes/associações; onde, por vezes, é preciso pagar um imposto de 23% ao Estado para usufruir do desporto (está provado que a actividade física regular dos portugueses pode ser um excelente negócio para as contas do Governo: gasta no desporto, poupa na farmácia).
O exemplo deve vir de cima mas a verdade é que nem de baixo ele vem.
Durante 4 anos, 95% dos portugueses não se interessa pelas modalidades das quais hoje se queixa por falta de medalhas. Não sabe sequer o nome dos atletas. Não conheces os clubes que apostam nas modalidades, não conheces os espaços desportivos, não conhece nada!
Se podem exigir o que quer que seja? Podem! Mas sejam sérios porque a critica fácil não é só para quem a faz mas também para quem a ouve. Entra por um ouvido e sai por outro. E nessas circunstâncias, dou toda a razão aos desportistas nacionais, que apesar de poucos apoios e de alguma incompetência dirigente, dão o litro para representar o país. E não me venham com o argumento que se gastou uma fortuna na preparação destes J. O. porque o que nós gastámos a comparar com outros países medalhados não é nada. E tendo esse simples facto como desculpa, podemos facilmente concluir: "Somo isto, querem o quê?!".