No últimos dois anos devo ter escrito meia dúzia de textos nesta coisa. Hoje ao ligar-me, após vários erros na password, vi que tudo estava diferente. Ao tempo...
Olá blogue! Olá Tabernices! Foste usado como uma espécie de diário. Digital, é certo. Quase como uma boneca insuflável, substituído por um pedaço de papel e caneta. Vieste ao mundo no www quando estava na faculdade. Não houve mãe. Houve um bebé Ronaldo. Relatos, acontecimentos, vergonhas, piadolas foram aqui imortalizadas. Pessoas contadas, histórias partilhadas. Nunca te usei. Houve consentimento mutuo. Eu escrevia e tu fazias os outros ler. Ao rever o primeiro post - para que conste nunca gostei da palavra post. Soa a coisa fina apenas porque "texto livre" não é comercial - temos aqui um período da vida que foi do caraças. Não se trata de ter saudades, não se trata de querer que o tempo volte para trás. E mesmo que assim fosse! Não interessa. Foram momentos tão bons. Outros assim-assim. Ao olhar para trás vemos que talvez tenhamos perdido algo até aos dias de hoje: a irresponsabilidade. Ou é porque um se casa, ou é porque teve um filho, ou tem uma conta para pagar, um horário a cumprir, o que for... Não se tratam de coisas más, pelo contrário, tratam-se de coisas. Há quem gosta e há quem menos goste. Mas também acredito que quem gosta, é porque está a vive-la com unhas e dentes. Quem não gosta, é porque apenas ainda não a viveu. Não há o certo e o errado. Apenas há. Entretanto já me perdi... Apetece-me escrever como há muito não acontecia e a cerveja está a servir de apoio ao ponta de lança. Três décadas depois muito mudou. O mundo mudou. As pessoas só usam o polegar em vez do indicador. A roupa que era fixe hoje é foleira. E o mais impressionante é que as pessoas não se perdem! Têm um meio tecnológico para achar tudo. Para encontrar seja o que for. Isso não é pesquisa. É apenas clicar num botão e escrever um nome. Hoje não se espera de uma música na rádio. Clica-se noutro botão e ela aparece. Que é feito do suspense? Que é feito do "está quase" enquanto ouvimos aquele programa de rádio? Que é feito de assistir a um concerto em vez de o ver num pequeno ecran do telemóvel enquanto o estamos a gravar? Que é feito das coisas tão minimalistas que antes davam tanto trabalho? O "LOL" é mais bonito que o "AHAHAHAH"? Desde quando? São gostos é certo, mas convenhamos. Isto já soa a conversa de velho. Admito. Mas no meu tempo não havia Pull&Bear. Além da cara, as pessoas também vestiam-se de maneira diferente. Eram diferentes. Diversidade. Mas no fundo iguais. Os jogadores de futebol eram iguais aos de hoje mas agora olho para esses velhotes como senhores da bola em comparação com as pop stars de hoje. Oiço música da boa enquanto escrevo e praticamente oiço cada instrumento da banda, sem mixórdias feitas em computador. Bem, disto isto, trata-se de um verdadeiro texto livre, onde escrevo sem saber o que vem a seguir. Apenas vou escrevendo. O quanto eu adorava ter a inspiração de Eça de Queiroz, Camões, Saramago e meter p'ra aqui metáforas do caraças que só se iriam perceber à segunda.
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