quarta-feira, maio 30

E se acrescentarmos Bob Dylan ao post anterior... Mel!

É delicioso

Viajar de carro sozinho, com janelas abertas, vento a bater forte, sol a queimar o braço e música ao meu gosto! E para ser perfeito só faltava ter gasóleo à borla... Aí atingia o climax!

terça-feira, maio 29

It sounds better

Há sempre qualquer coisinha que diferencia a personalidade de todos nós. Basta uma migalha, um apontamento, uma frase a mais ou a menos, um olhar e o que hoje é verdade amanhã é mentira. Os pormenores fazem a diferença. Fazem simplesmente divergir o que parece inseparável.
A verdade é que todos nós temos uma coisa em comum: música. Existem pessoas para todos os gostos e talvez possamos ser comparáveis na forma como ouvimos e reproduzimos a música. 
Ora vejamos, existem as pessoas que são como as antigas mas saudosas cassetes: repetem-se muitas vezes, o que dizem pode estar mal gravado, e mesmo o que dizem hoje pode ser facilmente apagado e amanhã ser gravado outra coisa por cima. Muita coisa fica por dizer quando a fita acaba. 
Existem as pessoas CD: límpidas, translucidas, difíceis de arranjar quando virgens, certinhas, fáceis de reproduzir quando as pomos a tocar, que podem passar por muitas mãos, e podem mesmo servir de enfeite ou simplesmente ajudar os agricultores a afugentar os animais ou insectos mais curiosos. São as mais comuns e talvez as mais bem aceites na sociedade. Dá para tudo. Multiusos. 
Por fim, temos o vinil. Feitas com carinho. Vale a pena a busca do vinil perfeito. Quentes, cuidadosas, som aconchegante, uma peça rara, que embora possa ser encontrada numa qualquer feira da ladra só os mais atentos têm o privilegio de adquirir. Passam de geração a geração e o sentimento permanece. São raras, únicas. Convém tratar com carinho. Não se repetem. Quando pedimos uma coisa, damos algo em troca. É regra. É intrínseco. Só porque sim. E vale tanto a pena. Em todo o caso, este tipo de pessoas podem ter passado por "cassete", "cd", o que for, mas no final sabem que o "vinil" tem a essência que buscam.

Eu prefiro o vinil. Simplesmente soam melhor! 

quinta-feira, maio 17

Saí disparado ao mundo de forma carinhosa e aconchegante. Chorei como qualquer outro mas depois sorri como ninguém. Fui crescendo. Problemas nos pés, quase para ser operado. Careca durante muito tempo. Parecia um pequeno Buda. Comecei por me chamar Cácá. Pelos vistos trocava as letras. Mas a verdade é que todas essas letras estão lá no nome. No primeiro nome. Cresci. Aprendi a andar, sem esquecer o gatinhar. Não fui à creche mas não perdi nada com isso. Cada coisa a seu tempo. Tive uma ama. Uma senhora ama. Aprendi o que tinha a aprender. A diferença é que não tinha grades nem paredes. Um género de creche a céu aberto. Bicicletas sem travões. Pares de solas dos ténis gastas à conta disso. Hambúrgueres caseiros e dos bons, puré de batata e sopa com nabo. Foram as primeiras refeições que categorizei como comidas preferidas. Fui para a primária saber o a, e, i, o, u, a fugir dos miúdos grandes e maus, a pensar quando é que devia fazer queixinhas, descobrir que havia miúdas e cantarolar coisas docemente parvas. Um género de Peter Pan sem ter noção que iria crescer mais. Ainda hoje! Uma altura que o MacDonald's era coisa de cidade grande. Aulas, natação, hóquei, catequese, dia preenchido. Primeira comunhão memorável, com calções de gala, e uma camisola branca que parecia saída de um naperon que reveste as televisões dos anos 70, sem esquecer o laço. E que belo laço. Balões de água no Carnaval (de Torres). Bombinhas de mau cheiro. Mítico! Explorar o desconhecido a pé. Joelhos arranhados e feridas. A primeira picada de abelha. Foi no cu! Era uma manhã de sol, a preparar-me para a escola, a vestir-me carregado de sono. Porém, a cabrona estava a relaxar numas cuecas minhas. Vesti-as e aprendi que não há melhor despertador! Doeu, doeu e doeu! O remédio pelos vistos foi vinagre na bochecha esquerda do rabo. Já deram bufas a cheirar a vinagrete? 

A ingenuidade é das coisas mais belas que existe. É sincera, transparente, despida de preconceitos, cheia de boa fé, lucidamente embreguiada. O problema é que esta merda não é um mundo cor-de-rosa, realizado pela Disney. A ingenuidade não é respeitada, só e apenas porque, de vez em quando, anda de mãos dadas com a burrice. Mas mesmo assim... continua a ser algo lindo, um pouco ao estilo hippie, salvo seja.

Tantas saudades de voltar a acreditar no Pai Natal!

terça-feira, maio 8

A precisar de um grande par de estalos. Mergulho de água gelada. Bubadeira das antigas sem queixume de ressaca no dia seguinte. Calar e andar. Carro em andamento com as janelas todas abertas. Dizer palavrões e fazer questão que a velha católica do lado oiça. Chamar nomes a quem merece. Não dar satisfações. Uma casa sem conforto. Não pensar que tenho que ir ali e depois acolá. Cagar em ir ali e depois acolá. Espatifar dinheiro. Pegar no carro e sair sem destino. Playlist ao meu gosto. Não olhar para o relógio. Cagar para a chuva ou sol, eles já cá estavam antes de mim. Armar-me em Braveheart e importar-me com o que simplesmente importa. Os muros e paredes apenas servem para cortar o vento: há vida para além disso. O colchão é bom mas nós já cá estávamos primeiro. Comer o que comem nos outros continentes. Não pagar por isto e por aquilo. Fazer um plano e cancelá-lo só porque sim. Guitarradas e baterias. Chegar à meta e deixar outro ganhar. Produzir, produzir, produzir. Progredir, avançar, dar passos. Só por mim. Que os tibetanos façam bom proveito na outra vida. Arrombar uma porta. Ir contra um carro mal estacionado. Rir-me na cara de um chico-esperto. Discutir com a pessoa ignorando-a com o meu silêncio. Sujar-me.  Life's a bitch and then you die: concordo com a ultima parte.